Babys.

Sangue Escuro (Capítulo 2)

  Sangue Escuro. 

 
Podia sentir minha cabeça doendo, meu corpo meio travado, e a sensação de dormência nas mãos. Avia algo de estranho, meus olhos pareciam mais pesados que o habitual, e podia sentir meu corpo deitado no chão, não no piso de madeira do restaurante, e sim, em algum lugar arenoso. 

Com muita dificuldade, abri os olhos lentamente, todo aquele esforço vez minha cabeça arder, e por um segundo, imaginei que fosse perder a consciência novamente.  

Algumas memórias apareciam como fleches no meu cérebro, a andarilho atrás do garoto, as conversar, eu o encarando, seus olhos se virando para mim, e o baque no meu corpo. Aquilo foi confuso, nunca tinha experenciado algo assim 

Meus olhos já abertos tentam identificar algo, mas o céu escuro deixa meus pensamentos ainda mais confusos. Tento virar a cabeça, mas desisto quando vejo que o mínimo movimento faz meu corpo retesar em dor. Decido apenas fechar os olhos, e respirar, e nesse momento travo. 

Eu não estava respirando, não conseguia sentir meu coração bater, mesmo que uma brisa leve voasse por mim, eu não conseguia puxar o ar para os meus pulmões. O pânico crescente em mim me fez abrir os olhos novamente, e contra minha vontade, impulsiono meu corpo para se erguer. Aquele ato faz todos os meus músculos desligarem e por um momento quase sinto que irei desmaiar de novo, mas antes que pudesse acontecer de meu corpo voltar para trás, sinto minhas costas serem seguradas, e alguém se abaixar para me apoiar sentado.  
 
   - Isso é estranho, a quanto tempo não vamos alguém vivo? - A voz era abafada quando chegava nos meus ouvidos, meus olhos mal conseguiam focar em algo a minha frente. 

    - Não sei, você sabe que não dá pra confiar no tempo aqui. - A outra voz parecia mais distante, mas feminina. 

     - Ei, consegue me ouvir? Como está se sentindo? - O dono da voz se aproximou, e sua ação fez meu corpo doer, e minha cabeça pulsar. 

Mexo levemente minha cabeça para o lado, afastando a voz dos meus ouvidos. 

     - Não vai adiantar, ele parece quase morto. - Talvez fosse uma mulher, mas não conseguia ter certeza, além de estar mais distante de mim, a dor no meu corpo me impedia de raciocinar normalmente.  

    - Talvez deva ser a primeira vez dele, me dê o anel. - Escuto passos se aproximando, e torço para ser a morte vindo me levar e parar toda essa dor. 

Consigo sentir quando o estranho levanta minha mão, e põe um anel no meu dedo. Bruscamente a dor diminui, meus olhos focam, e sinto algo subir pela garganta, me viro, e despejo um liquido negro no chão, sentindo meu estomago arder.  

   - É, realmente é a primeira vez dele.  

Olho para aquilo que deixei sair, escuro e consistente, e por um momento, quase tenho o impulso de expelir mais, mas, fecho a boca, e a limpo com as costas da mão. Tento puxar o ar para dentro, e mais uma vez, a ação não acontece, apalpo meu peito e o pânico me consome novamente.  

O meu medo deveria estar escancarado, já que novamente, sinto o estranho segurar meus braços. 

    - Ei, ei, relaxa, é estranho né? Não dá pra respirar aqui. - Me viro para a pessoa, que agora sei que é um homem.  

Ele me olhava com compreensão, e um pouco de pena, como se entendesse minha situação.  Usa um casaco grosso, um cachecol, e a uma mochila nas suas costas, e um óculos de proteção na sua cabeça. Seu rosto é majoritariamente coberto com uma barba grande, e escura, e seu cabelo é longo o suficiente para ser amarrado atrás, ainda deixando alguns fios virem para frete de seu rosto. Julgo que deveria ter seus 50 anos ou mais. 

As palavras parecem não chegar a minha boca e só permaneço em silencio. 

   - Engraçado, ele está me olhando como se eu fosse o próprio diabo.  

Seu rosto vira para a pessoa atrás dele, que como eu suspeita era mulher. Ela está em pé, braços cruzados, e uma máscara que cobre metade de seu rosto, os cabelos negros também presos em um rabo de cavalo na cabeça. Seus olhos são pequenos, e levemente puxados, ela também usa um casaco grosso, de um tom vinho, e uma calça larga, com a mochila nas costas, e o óculos também em sua cabeça.  

Olho ao redor, o local lembra um deserto durante a madrugada, é vasto, e parece sem fim. Não a tanta luminosidade, e quando olho para cima, não encontro nenhum sinal da lua, nuvens, ou se quer estrelas.  

Antes que possa dizer qualquer coisa, a garota se pronuncia.  

  - Shinnayder 

O homem a minha frente que me olhava, agora levanta a cabeça em sua direção, e ela sem dizer mais nada, apenas balança a cabeça, como se apontasse para mim novamente. 

O homem que agora sei que se chama Shinnayder olha em minha direção, e sorri. 

  - Bem, parece que vai embora. - Ele se levanta, afastando as mãos de mim, e tenho que me firmar para não cair. 

Continuo olhando confuso para os dois, sem entender o que está acontecendo. A dor no meu corpo sumiu completamente, mas a ânsia de não conseguir respirar prende meu peito causando um desconforto suportável.  

Eles se afastam, Shinnayder sorrindo, e a garota ainda me olhando com seus olhos finos. 

   - Onde eu estou?... - Pela primeira vez, solto as palavras pela boca, e sinto como se não ouvisse minha voz a anos. 

Eles apenas me olham, o homem então fecha os olhos sorrindo, e acena com a mão para mim. 

   - Até a próxima. 

Antes que eu diga qualquer coisa, tudo volta a escurecer, e apago. 

. 

. 

. 

Meu corpo é impulsionado para frente e sento sentindo a maciez do colchão embaixo de mim. Meus olhos se abrem, e a claridade do local, faz o ardor se espalhar. 

Minha cabeça dói novamente, e xingo a sensação. 

Assim que me acostumo com a luz, olho ao redor. Estou em um hospital, a um soro no meu braço, e só agora percebo o respirador no meu rosto.  

Tiro o objeto, e continuo olhando ao redor, as maquinas apitam e fazem barulhos, consigo ouvir conversas e chamados do lado de fora do quarto. A janela dá visão para o jardim do prédio, onde consigo ver algumas pessoas sentadas sobre o sol. Ponho a mão ao lado da cabeça, que dói incansavelmente. 

Ouço a porta ser aberta, e olho, vendo uma enfermeira com roupa azul entrar. Ela me encara parecendo surpresa, sorri sem graça e volta para trás. 

Franzo o cenho e vejo seus movimentos. 

   - Ei, espera! - Estendo a mão como se pudesse parada, e ela simplesmente me ignora e sai do quarto deixando a porta aberta. 

Xingo baixinho, e olho para o meu braço. A agulha que leva o soro para ele me incomoda, seguro sua base, fecho os olhos, respiro e puxo com força. 

   - Merda! - O sangue escorre pelo meu braço, e jogo a agulha no chão, ponho os pés contra o piso gelado, e estremeço com o contato, meu corpo levemente tenso anda até a mesinha ao lado da porta, pego alguns guardanapos e coloco sobre o sangramento. Ponho minha cabeça para fora do quarto, o corredor está vazio e vez ou outra vejo algum enfermeiro se movimentar no final. 

Saio do quarto, e antes que pudesse me afastar muito, escuto alguém me chamando, e me viro para trás, vendo a mesma enfermeira, e o que eu acredito ser um médico do seu lado agora. 

   - O que pensa que está fazendo? Você arrancou o soro? - Seu rosto sério revessa o olhar entre meu rosto, e meu braço. Olho também para meu antebraço, e vejo que o sangue já preencheu quase todo o papel.   

   - Vamos, se mecha e volte para o quarto. - Ele começa a se aproximar do local onde estava. Suspiro, e volto para o quarto que estava somente a alguns passos de mim. 

Me sento na cama, e tiro os papeis. O sangue ainda escorre levemente, a enfermeira então se apura em vir limpar, e o médico se aproxima de mim.  

   - Por gentileza, olhe para a luz que vou apontar. - Ele tira uma pequena lanterna do bolso do jaleco e joga a luz em minha direção, forço meus olhos a ficarem abertos, e ele desliga a luz, anotando algo na prancheta que segura.  

   - Se lembra como chegou até aqui? - Sem me olhar, escuto sua pergunta. 

   - Eu lembro de ter desmaiado no meu trabalho depois que... - A memória do andarilho volta a minha mente, e contenho a fala. O doutor me olha e levanta sobrancelha esperando que eu continue. - Depois que senti minha pressão cair... 

A última frase sai incerta da minha boca, e não sei se ele notou ou não, apenas continua escrevendo algo no objeto em suas mãos.  

   - Pronto, está melhor agora. - A enfermeira fala ao meu lado, olho para o ferimento agora coberto por gaze e fita, e tento dobrar o braço, ela impede o ato segurando meu pulso. 

   - Não faça isso, pode estragar o curativo, e fazer o sangue vazar. - Seus olhos são repreensivos, e apenas assinto com a cabeça. Ela não é tão bonita.  

O médico ao meu lado então se movimenta, e suspira. 

   - Irei medir seus batimentos.  

Ele tira o estetoscópio do pescoço, põe no ouvido, e aproxima a parte plana do meu peito, posicionando-a em lugares diferentes, e se concentrando no que ouvia. 

   - Respire fundo, segure por alguns segundos e solte. - Pede, e assim faço, observando a enfermeira não tão bonita arrumar o cordão que arranquei do braço, retirar o soro e sair do quarto. 

O médico se afasta, volta a deixar o objeto no pescoço e me olha. 

  - Consegue me dar um palpite de a quanto tempo acha que está aqui? - Seu olhar não me diz nada, inclino a cabeça para o lado, e estalo a língua na boca. 

   - Bem, eu só desmaiei, umas três horas talvez? - Seu rosto ainda não demostra nada, ele se vira pega o calendário e aponta para o dia 14 de maio, o encaro confuso. 

   - Senhor Spinna, faz cinco diz que está desacordado. - Sua fala faz meus olhos se arregalarem.  

   - O que?... - Minha voz sai fraca, sinto meu coração acelerar. - Cinco dias? Você está me zoando né? Porra, cinco dias? Eu entrei em coma? - As palavras saem rápido da minha boca.  

Cinco dias? Caralho como? Eu nuca desmaie, sempre que um andarilho me atingia, apenas a sensação me era sentida, nunca o ato em si, e por causa de um que não era meu, passei cinco dias nisso? 

   - Nós também não conseguimos identificar a fonte do seu caso, quando o senhor chegou aqui, seu coração batia tão forte que achamos que tivesse tido um ataque cardíaco. - Sua voz diminui gradativamente, e seus olhos desviaram dos meus.  

   - E também, a o caso do sangue do senhor que – Antes que continue eu o interrompo. 

   - Meu sangue? O que a de errado com ele? - Eu o vi escorrendo do meu braço quando puxei a agulha, era vermelho, como sempre, vermelho, e liquido, nada de diferente. Ele suspirou e voltou a me olhar. 

   - Quando fomos tirar seu sangue para fazer os exames, ele estava escuro como a noite, e também mais solido, como se fosse um musgo ou algo semelhante. 

Engulo em seco, e tento assimilar o que ouvi. 

Escuro como a noite? Aquela coisa entrou no meu sangue? Como?” 

De repente, lapsos de imagens veem a minha mente.  

O deserto, o céu escuro sem nada, aquele homem grande, a garota me olhando, a dor no corpo, anel no meu dedo, lembro de escutar algo, mas as memorias ainda confusas não me permitem recordar o que disseram, o aceno para mim antes de tudo voltar a apagar. 

Quem eram eles? Onde eu estava? Aquilo realmente foi real? Mas como, devo ter passado os cinco dias aqui nesse hospital, não faz sentido. O que está acontecendo?” 

O médico me olha esperando alguma reação, minha mente viaja em pensamentos, e não consigo focar em nada a minha frente. Tenho que me acalmar, as coisas ficaram ainda piores se uma dessas criaturas surgir aqui. 

   - Não conseguimos fazer os exames, nunca tínhamos visto nada do tipo e... 

   - Uma amostra. - O interrompo novamente. 

   - Desculpe, o que? - Ele me olha agora, confuso.  

   - Tiraram alguma amostra do meu sangue?  

Seus olhos me analisam. 

    - Não... - Ele desvia a cabeça para o lado, e fecha os olhos. Parece refletir no que vai dizer. - Bem, fizemos alguns testes, em dez anos de carreira nunca tinha visto nada como aquilo. As maquinas não detectavam nada, fosse um vírus, bactéria, doença, ou qualquer coisa que estivesse coagulando-o naquele nível.  Infelizmente não tivemos nenhum resultado, além disso, seu corpo não reagia a nada, não importava o quão forte fosse o medicamento, você não dava qualquer sinal. Mantivemos a esperança unicamente porque seu coração ainda dava sinais de batimento, e de uma maneira tão tranquila que julgamos como se estivesse simplesmente dormindo. - Ele para de falar, e suspira. - Quando vi o senhor de pé mais cedo, o sangue vermelho no seu braço, aquilo me surpreendeu, depois de cinco dias tinha levantado, não demostra qualquer sequela e seu sangue esta vermelho novamente. Mesmo cético, ouso dizer que parece até um milagre.  

Escuto atentamente tudo que ele diz, e isso só faz as coisas mais confusas. Vivi minha vida toda com essas coisas, e nunca tive uma reação tão violenta 

O que mais me atormenta, são aquelas pessoas, o jeito que estavam vestidas como se vivessem lá, toda a dor que senti, o aperto no peito, tudo tão confuso. 

Sou tirado dos meus pensamentos quando ouço uma enfermeira chamar o doutor na porta. 

   - Precisam no senhor na ala quatro. - Ela me olha, e sorri. 

   - Claro. - Ele chega à porta e antes de se afastar fala com a mulher ao seu lado. - Faça um exame de sangue nele, e verifique sua pressão, se tudo estiver bem, ele já tem alta. 

Então ele sai sem me olhar. 

Tenho o checape que o médico pediu, e em poucas horas sou liberado do hospital.   

A luz do sol as três da tarde me recebe, e sinto minha pele esquentar. Olho ao redor, e tudo parece normal, vejo um andarilho do outro lado da rua ao lado de um homem no ponto de ônibus. Evito olhar para que a mesma situação não volte a se repetir, e pego meu celular no bolso.  

A algumas chamadas, e poucas mensagens, o que já era esperado pelo fato de não ter ninguém que realmente vá ligar se eu estiver ou não em coma por cinco dias. Caminho devagar, e meus pensamentos ainda vagam sobre o que aconteceu, e o que vivi.  

Então, sem paciência para andar provavelmente uns bons quarenta minutos até meu apartamento, paro e decido chamar um carro de aplicativo. 

   - Eu estava quase morto, não vou andar.  

. 

. 

. 

Abro a porta, e encontro minha casa do mesmo jeito que a deixei quando sai pra trabalhar aquela manhã. Enquanto vinha, mandei mensagem para Victor perguntando da minha moto, e sua resposta primeiro foi de felicidade por saber que eu não tinha morrido, e depois disse que avia levado pra sua casa, e que me traria e conversaria comigo. 

Tiro minha camisa, e caminho em direção ao banheiro, para tomar meu primeiro banho em cinco dias acredito eu.  

Deixo a água escorrer pelo meu corpo, enquanto tento reviver a cena no deserto. Respiro fundo, relaxo o corpo e fecho os olhos. 

A dor no corpo, as mãos me segurando... ‘... Isso é estranho... Alguém vivo....’ Uma garota, o cara de barba, qual era o nome dele? ‘...relaxa... não dá pra respirar aqui né?...’ Aquilo que eu vomitei, era preto também...Os dois me olhando, ela disse o nome dele, qual era? E então ele se afasta, por que? ‘Até a próxima’ Foi o que ele disse, eu vou voltar para aquele lugar? Ao menos tem como voltar?”   

Sou tirado dos meus pensamentos quando escuto batidas na porta, olho ao redor e vejo o banheiro infestado pelo vapor da água. Enrola a toalha na minha cintura, sentindo alguns pingos do cabelo molhado cair sobre meus ombros, abro a porta, e a primeira pessoa que vejo é Rafaela, com os braços cruzas, e os cabelos soltos. 

Ela fica estática me olhando, ou melhor, olhando meu peitoral nu. Levanto mais os olhos, e vejo Victor sorrindo, com o capacete e chaves na mão. 

   - Gostou? Eu parei de treinar a um tempo, mas ainda estou em forma. - Digo, sorrindo na direção de Rafaela, vendo suas bochechas ficarem vermelhas e ela erguer o rosto para mim. 

    - Você é um idiota. - Fala olhando em meus olhos, solto uma risada e me afasto da porta para que passasse. Victor se aproxima e me abraça forte. 

    - Achei que iria morrer. - Ele se afasta e me olha repreensivo como se eu quisesse fazer aquilo. 

    - Se apaixonou é? - O vejo rir e passar dá porta. 

Anda até o sofá no meio da sala minúscula, enquanto Rafaela ainda está em pé julgando o local.  

   - Bem, eu vou me vestir, sintam-se à vontade.  

Me dirijo até o quarto, deixando ambos para trás. Visto uma roupa qualquer, e seco os cabelos, deixando a toalha sobre a cama. 

Subitamente, sinto um arrepio me ocorrer, minhas mãos tremerem, e minha cabeça girar levemente. Viro lentamente o rosto para trás, e encontro a fonte das sensações horríveis que me passam o corpo. 

E mais uma vez, diferente de tudo que já vi, sou surpreendido por uma criatura alta que curva o corpo longo por não passar o teto, os braços e pernas extensos esticados e secos como ossos, a cabeça virada levemente para o lado, e um sorriso aterrorizante que cobre seu rosto, os olhos pequenos e brancos acinzentados, escuro, o corpo todo negro como a noite. 

   - Arthur, de boa aí? - Escuto a voz de Victor me chamar, e travo ainda mais quando a criatura vira o rosto levemente em direção ao som. 

Isso não é um andarilho, puta merda, isso não é mesmo um andarilho, que porra tá acontecendo?” 

Ouço passos em direção ao quarto, e aquela criatura move bruscamente a cabeça para olhar na mesma direção que eu. 

    - Arthur? - A voz de Rafaela chega à porta, e a criatura abre a boca deixando a mostra dentes extremamente pontudos.  

   - Puta merda Rafaela. - Xingo e jogo minha toalha no que seja lá aquilo. O pano rápido cobre seu rosto e a faz soltar um grito estridente que faz minha cabeça desligar por segundos e pisco rápido para me acordar. 

Porra, nunca senti tanta falta de ter um andarilho normal me seguindo como todo mundo.” 

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