Babys.

QUERIDO AMOR;

 Querido Amor. 

 

Os tempos têm sido tão difícil sem você. 

Essa é a decima carta que te envio em três semanas, o carteiro sabe que irá sair daqui com algo para você. Eu devo confessar, não consigo parar de pensar em você, a casa fica tão vazia meu amor. 

Eu tenho ajudado no asilo local, tenho ido à igreja nos domingos, faço bolo para as crianças durante a tarde; elas me chamam de tia você acredita? Uma vizinha nossa teve um bebê recentemente, costumo ajudar ela com as coisas, é um lindo menininho. Fazia tanto tempo que não segurava um bebê no colo... 

Eu tenho feito de tudo para me distrair, para ignorar as notícias, para tentar ao menos sorrir. Sua mãe me liga as vezes, e já fui visitá-la, mas como é longe, e o carro é você quem dirigia, costumo enviar cartas a ela também.  

 A cada duas semanas eu lavo todas as suas roupas, o clima tem estado quente, então não é um trabalho difícil.  

Eu rego as flores que você colocou no jardim antes de ir, mesmo que eu não seja tão boa com isso quanto você era; algo muito importante também, um gatinho aparasse toda vez que começo a fazer o café de manhã, ele tem a pelagem escura, e os olhos verdes, e fica observando enquanto eu preparo o café. 

Acredito que ele seja sua versão animal, que está aqui para me proteger, e para passarmos as manhãs juntos, como era antes. 

Às vezes, antes de dormir, eu me aproximo da janela e conto as estrelas, como você gostava de fazer, escuto os sons da noite, os grilos, a brisa fresca, todos os detalhes, como você dizia “Às vezes, só precisamos relaxar, fazemos tanta coisa durante o dia que esquecemos de parar e respirar.” 

Não vou mentir, eu conto os dias, eu acompanho o clima, arrumo a casa, espano os armários, pulo os vidros. Esperando você, esperando voltar. 

Quando ler a minha carta, espero que ria, e lembre de mim, do meu perfume, dos meus cabelos, dos meus olhos, do meu sorriso, e de todos os meus detalhes, assim como eu lembro dos seus. 

 

Talvez eu deva parar de acreditar. O carteiro não levara essa carta assim como não levou as outras. Ele não leva cartas para o cemitério... 

 

Com Amor, sua queria Mel.

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