Babys.

Apostolo (Capítulo 6)

 Apostolo 

Capítulo 6 

   - Onde está o garoto? 

Avia anos que não nascia uma criatura capas daquilo, e agora, finalmente Vikfar tinha no agraciado com um de seus sucessores. 

     - Infelizmente Moru, ainda não o encontramos. 

Nos últimos anos, nenhum transcendente avia nascido na ilha. Chegamos a imaginar que Vikfar avia nós abandonado. Mas estão, surge a mensagem, que um garoto iria nascer e ele estaria acima de todos os outros, e seu sangue seria como água, e sua carne macia como de ovelha. Aquilo alegrou a todos, finalmente as bençãos voltariam sobre nós, e seriamos satisfeitos com o corpo de alguém tão próximo a Deus.  

Infelizmente, o garoto não era um de moradores de nossa ilha. Nenhuma das amas de leite teve se quer um filho ou filha que pudesse parecer com o nosso aguardado consolador 

     - Oh Vikfar, ajude seu povo! - Era preciso uma resposta. 

O jovem a minha frente então se ajoelha, pondo as mãos sobre a cabeça em formato de prece. 

      - Oh Vikfar, aqui jaz seu povo em busca de sua carne! 

Vinte e cinco anos depois. 

       - Moru?  

Finalmente, a espera avia acabado, o nosso dia estava chegando. Todo o povo se preparando para a chegada do sacrifício, que viria e alimentaria a todos.  

       - Ele está pronto, está vindo até nós, eu o vejo. Oh como é belo! Vikafar não nos esqueceu, sempre nos provendo as bençãos! 

O garoto a minha frente se ajoelha. 

      - Moru, finalmente poderemos descansar? - Encosto a mão sobre seus cabelos, acariciando, era um bom garoto, mas não era escolhido.  

      - Sim, finalmente, todos poderão sentir a glória em seus corpos, pois o escolhido está vindo para nós! 

       - Marithar! Marithar!* 

      Enfim, o dia estava chegando, podia sentir cada vez mais próximo. Sua carne saciaria nossa vida, como o leite sacia a fome.  

. 

. 

. 

Minha cabeça repentinamente girou, me apoiei na mesa ao lado, para que meu corpo não falhasse.  

      - Você está bem? - Eduarda se aproxima, e apenas consigo concordar, ainda sentindo meus olhos girarem. 

       - Sim, sim, eu só... preciso sentar um pouco...- Ela puxa a cadeira para que eu me sente, e então jogo a cabeça para trás no apoio do banco 

Meu corpo parece extremante pesado, e é difícil respirar. Minha visão fica turva, já não consigo identificar nada ao meu redor.  

“Eduarda, pode me trazer água? Por favor...” 

Não consigo sentir qualquer coisa, não sei mais onde está a garota, e espero que ela tenha ido pegar minha água. 

Volto minha cabeça para a frente do meu corpo, e vejo meus braços apoiados sobre as pernas. Minhas veias estão escuras, e minhas mãos mais brancas que o normal. 

O que está acontecendo?” 

Levanto um pouco os olhos e vejo um perseguidor, ao canto do quarto pequeno, me olhando. 

Eduarda, onde você está? Não venha para cá, tem um perseguidor aqui, ele irá entrar em você.” 

Não tenho a certeza se as palavras realmente saíram pela minha boca, ou se eu estava alucinando. Podia sentir o ar sair cada vez mais de meus pulmões.  Olho para minhas mãos novamente, e vejo um liquido preto sobre ela, pingando. Levo os dedos até a boca, e percebo que é de mim que isso sai, a ânsia sobe meu estomago, e antes que pudesse ter uma reação, algo cobre a minha boca, trancando completamente minha respiração. Meus sentidos mesmo lentos reagem, e levo minhas mãos até o pano que cobre minha boca e nariz.  

Tudo estava apagando mais rápido. Eu não tinha forças para lutar, a criatura ainda parada, me observando. Eu podia sentir seus olhos em mim, mas por algum motivo, ela não reagia com a pessoa atrás de mim. Virando o rosto para cima, não consigo identificar quem é, está escuro demais, eu estou muito cansado, não quero mais ficar com os olhos abertos. 

Não consigo respirar. 

Eu vou dormir, só um pouco, estou cansado...”  

Minhas mãos caem novamente, e deixo meu corpo desligar. 

. 

. 

. 

Eu me sentia fraco, como se fizesse dias que não colocava nada no estomago, podia sentir meus calcanhares presos, e minha mão juntas atrás das costas. Minha cabeça latejava contra o chão frio, e meu corpo todo estava dolorido.  

A força que faço para abrir os olhos deixa meu corpo mais tenso, o local onde estou é escuro, e não é possível adaptar minha visão. Sentindo minha boca seca, engulo em seco sem muita força para tal ato. O frio do local me faz tremer incontrolavelmente, e isso só torna tudo mais cansativo.  

Quando sinto que vou perder a consciência novamente, uma porta que não sabia onde estava é aberta, e a luz de lá preenche o pequeno quarto, fazendo meus olhos arderem, e minha cabeça girar. Algo é posto no chão perto de meu rosto, e um cheiro forte atinge minhas narinas fazendo meu estomago roncar.  

Assim que consigo estabilizar a visão, fixo no prato de comida a minha frente, que contém o que parece uma pasta gosmenta de uma cor bege estranha.  

   - Isso é pasta de arroz, coma. - Assim que a frase termina, a pessoa fecha a porta e o baque estrondoso faz minha cabeça latejar.  

Novamente com a cabeça contra o chão, sentindo o cheiro daquilo se espalhar pelo cômodo, fecho os olhos.  

O que aconteceu? Porque eu estou aqui? O que houve com aquele perseguidor no quarto? Eu nem ao menos consegui reconhecer se era Eduarda na porta. A quanto tempo estou aqui? Mal sinto minhas mãos e meus pés, meu corpo está tão dolorido que sinto que vou morrer.” 

A aflição do sentimento de confusão e angustia me tomava, e podia sentir meu peito doer. Forço meu corpo a se sentar, mas não tenho energia o suficiente para isso. Sentia novamente que iria apagar, e apenas deixei com que aquela sensação me levasse, mas antes que pudesse desligar completamente, a porta novamente é aberta. 

     - Porra, você é teimoso feito um cão. 

Não me atrevo a abrir os olhos, mas posso sentir a pessoa se aproximando e pegando prato do chão.  

     - Abra a boca. - Ela manda, e permaneço imóvel.   

De repente sinto meus cabelos serem puxados, e uma dor lancinante me toma, espremo os olhos e debato meu corpo em angustia abrindo pôr fim a boca. 

Sinto a colher com o conteúdo gosmento do prato ser forçado contra minha boca, alcançando o fundo da minha garganta, fazendo meus olhos arderem, e meu corpo expelir aquilo.   

     - Se você vomitar, vou fazer você comer o próprio vomito.  

 Fecho a boca assim que a colher é tirada, sentindo o gosto de bile na boca, empurrando aquilo a descer em minha garganta. Abro os olhos, e vejo o rosto da garota que já avia conversado.  

     - Eduarda... 

Ela não me responde, aperna aproveita a abertura de meus lábios, para colocar outra porção daquilo em minha boca, novamente contra a minha vontade engulo, sentindo o desejo de vomitar vindo mais forte.  

A loira a minha frente não expressa nada enquanto faz isso, como se fosse algo rotineiro.  

Quando percebo que ela pega outra colher para me dar, junto todas as forças que me restam para abrir a boca, e receber o conteúdo, e assim que ela abaixa a colher, cuspo aquilo contra seu rosto. 

    - Ah, caralho! - Ela solta o prato que espalha a comida ao cair no chão, e leva as mãos ao rosto sujo.  

Forço minhas mãos para arrebentarem o enforca gato que prendia. E sinto meus pulsos doerem ao se livrarem do cabo.  

Levo então uma das mãos ao cabelo da garota, e antes que ela tenha reação, forço sua cabeça contra a parede de madeira, consecutivamente, até sentir que ela não se mexia mais. Largo então os fios loiros, e me sento tremendo, e ofegante, vendo o sangue se derramar lentamente do rosto de Eduarda.  

Meus pulsos estão roxos pela força que fiz, e meus músculos doloridos. Respiro lentamente para fazer minha cabeça para de girar.  

O cheiro de sangue se espalhando faz meu estomago embrulhar, me inclino então, e despejo tudo que avia em meu estomago. Minha garganta dói, e o gosto ácido se espalha pela minha boca.   

Levo minhas mãos até o cabo que prende meus pés, e o arranco, sentindo mais uma pontada de dor.  

Me apoio na parede para ficar de pé, e caminho até a porta aberta, deixando a garota para trás. 

A luz que me recebe quando sai não é tão incomoda como antes, e percebo assim que minha visão de adapta que ainda estava na mesma casa. Caminho até a sala que lembro de ter apagado, e vejo que tudo permanece do mesmo jeito, mas não encontro minha mochila.  

Resolvo então continuar seguindo o corredor em direção a porta depois das escadas, e por sorte a encontro entreaberta 

Quando empurro a madeira, o quarto me mostra uma cama perto da janela, um grande guarda roupa encostada na outra parede, outra porta que acredito ser uma despensa, e um armário 

Caminho até o armário em busca de qualquer pertence meu, e encontro meu celular na última gaveta.  

     - Porra, sem bateria. - Digo, assim que forço o botão para ligar, e a imagem de energia aparece zerada.  

Coloco o objeto no bolso da calça, e continuo a mexer nas gavetas. Encontro alguns outros itens sem muita utilidade, e ignoro o resto. Me sento sobre a cama ao lado, e deixo meu corpo cair no colchão macio.  

Meu corpo relaxa contra o tecido, sentindo o cheiro de amaciante na roupa de cama.  

Sem poder descansar, sinto um frio repentino me subir, e abro os olhos, vendo uma faca levantada em minha direção, e a garota com o rosto desfigurado a minha frente. 

Antes que pudesse ter uma reação sua cabeça é jogada violentamente para trás, a faca cai ao meu lado na cama. Minha respiração se torna ofegante e olho para o lado, vendo um perseguidor me encarar. 

Minha visão se volta para a garota, que agora tenta gritar, mas seu pescoço é pressionado como se uma mão a tivesse apertando, até espreme-lo completamente. Seu corpo então cai para trás, sem vida, e minha respiração fica mais pesada. 

Olho lentamente para o lado, e a criatura pula em minha direção, o grito que sai da mina boca e mudo quando o baque vem e bato contra a cabeceira da cama. Sinto o ar ser sugado dos meus pulmões, e caio no chão, pondo a mão sobre o peito, sentindo minha visão escurecer.  

Ainda consciente, o ar retorna, e minha visão permanece na escuridão. Quando a claridade volta percebo então onde estou.  

Valum...” 

Puxo o ar com força para dentro, e me sento, ainda desnorteado. 

Ele conseguiu me trazer para cá sem me deixar inconsciente...” 

Olho ao redor, já familiarizado com o lugar, meus olhos buscam pela garota que sempre está aqui, mas não a vejo.  

Me levanto então, andando pesadamente pelo lugar sem ter exatamente uma ideia do que fazer. Meus passos são perdidos, e minha mente está em branco.  

Olhando para o chão, vejo o anel que eu também uso, entre as pequenas pedras. Me abaixo então e o pego com os dedos, o aproximando da minha visão. 

Levanto meu rosto para o horizonte e vejo não apenas um, mas dessa vez, vários perseguidores me encarando.  

Olho novamente o anel em minha mão, e coloco em meu outro dedo. 

      - Sarah, me desculpe... Eu não pude cumprir o que prometi. Sinto muito, sinto muito que tenha que ter passado o resto de sua existência aqui, sozinha... - O objeto é pequeno demais para o meu dedo, ficando preso na metade. - Espero que agora esteja feliz...  

Minha atenção é chamada para minha outra mão, onde o meu anel escurece, e rapidamente levanto a cabeça para as criaturas que agora me cercam, fecho então os olhos, e respiro fundo 

Sinto meu corpo pesar, e novamente sou trazido para o chão do quarto abrindo os olhos suando, vendo que a noite já tomou conta do lugar, e moscas voam por cima do corpo sem vida de Eduarda.  

      - Tenho que sair daqui.  

Minha garganta junto com o resto do meu corpo doem, mas ignoro as pontadas e me levanto.  

Alcanço as escadas e me apoio no corrimão para descer. Na minha busca pelas minhas coisas no quarto consegui achar apenas meu telefone descarregado, e me contentei apenas com aquilo. 

Chegando próximo a porta, sinto meu corpo começar a pesar novamente, e minha respiração vacilar.  

“Aguente, pelo menos até sair dessa casa, suporte mais um pouco.” 

Mas antes que minha mão alcançasse a porta, alguém do lado de fora a empurra primeiro. 

São dois homens vestindo um pano, parecem budas, só que tem cabelo em um formato tigela 

Sinto meu corpo cada vez mais fraco, e meu apoio na parede ao lado escorregando para baixo. Quero pedir socorro, mas algo me diz que eles não serão heróis.  

    - Mokuta, leti na poterio?* - Um deles fala, e talvez seja o mal-estar que me toma, mas tenho certeza que ele não fala meu idioma.  

O outro do seu lado apenas concorda e se aproxima, segurando meu queixo com uma das mãos, forçando minha cabeça para cima, em sua direção. 

     - Letério me Vikfar.* - Sua mão vira minha cabeça de um lado para o outro, e uma das palavras que ele me diz reconheço.  

     - Vikfar... - Repito, e mesmo a palavra saindo baixa de minha boca, os dois se olham quando escutam.  

O outro rapaz então também se aproxima, se agachando ao meu lado.  

    - Moruem ote veti donede Moru.* - O que se agacha ao meu lado diz, e o que ainda segura meu rosto concorda.  

Estou com muita dor para afrontá-los, e o aperto no meu queixo só piora. Reunindo toda força que me resta então puxo meu rosto, deixando minha cabeça bater contra a parede, e meu corpo cansar de vez.  

Sem dizer nada, o rapaz tirar um pequeno saco do bolso do lenço que vestia, mas antes que pudesse tomar alguma atitude, o outro o interrompe.  

    - Ketica! Meteri no cairu ca?* - Diz, segurando a mão do amigo, e o olhando com repreensão.  

     - Veteri metina outesa.* - Recebe a resposta de volta, e já mal escuto o que eles falam.  

    - Vocês dois... são... irritantes pra caralho... - Digo, sentindo meu corpo cansar mais com o esforço.  

O cara então tira uma pequena quantidade de pó de dentro do saco que havia pego, e aproxima de mim, fazendo eu recuar instantaneamente 

     - Não, valeu... eu não uso mais isso... - Uma risada fraca passa pelos meus lábios. 

Então, sinto as mãos do rapaz ao meu lado segurarem a lateral do meu rosto e o forçarem para ficar parado.  

O que tinha o pó na mão então novamente se aproxima, e dessa vez não havia mais forças em mim para que eu recuasse. Seus lábios se juntam, e ele assopra em meu rosto aquilo, me fazendo piscar os olhos. 

Rapidamente então, já não sinto mais nada, e tudo parece leve demais, até eu apagar completamente.  

Nenhum comentário:

Marca paginas

Versos. (8)